Prólogo

TEXTO EXTRAÍDO DE MANUSCRITOS ANTIGOS

“Durante os primeiros momentos da Era Sombria existia um mundo nascido da magia e das artes místicas: SOSARIA.

Desgostosos com a origem encantada de Sosaria, seu povo evitava a magia, pois seu uso corrompia a alma dos descuidados… Mas um homem ousou abusar dos poderes da Alquimia, trazendo o poder incrível da Gema da Imortalidade à sua vontade e fazendo com que Sosaria sucumbisse à sua corrupção: Mondain o Mago. Seu poder era absoluto, e o mundo inteiro estava sob seu cruel domínio.

Somente a aparição de um estranho livrou Sosaria de sua iminente destruição. De onde ele veio ninguém sabe, mas sua força e coragem não tinham comparação. E ele provou ser o salvador, estilhaçando a Gema da Imortalidade e derrotando Mondain.

Mas um mal bem mais sinistro havia sido libertado com a destruição da Gema. Pois Sosaria não estava livre do poder da jóia, mesmo ela estando estilhaçada sobre o chão do castelo de Mondain: em cada um dos fragmentos da Gema havia uma réplica perfeita, em miniatura, de Sosaria. Cada miniatura com sua própria história, povo e… destino.

E este é o mundo onde você nasceu, cresce e morrerá. Britannia, que antes era Sosaria, agora existe como milhares de mundos.”

O jovem aventureiro fechou o livro. A Biblioteca de Britain era enorme, e já estava cansado demais para procurar informações que pudessem levá-lo à origem de tudo.

Faminto, passou a desejar apenas descansar. Já ia descendo as escadas, quando um estranho se aproximou. Não conseguia enxergar o rosto do homem por causa do capuz, mas não tinha um bom pressentimento. O estranho se aproximou e lhe entregou um pedaço de papel. Ao olhar o conteúdo do mesmo, percebeu um endereço, o nome Sedrik e um símbolo estranho… Um escudo com uma serpente ao centro. Levantou sua cabeça para pedir satisfações ao estranho, mas não mais o viu: havia desaparecido.

O cansaço estava lhe consumindo, mas reuniu forças para encontrar o lugar descrito no papel. O endereço apontava para um Conservatório de Música em Britain. Era enorme. Tijolos grandes, de cor cinza, edificavam uma das costruções mais belas que já vira: o Conservatório mais parecia um castelo. Imaginava o porquê de Britain dar tanto valor às artes, principalmente à música. Bom, o que quer que fosse, descobriria atravessando a porta do magnífico lugar.

À porta da grande construção, encontrou um jovem segurando um banjo. Lançando alguns acordes no instrumento, o jovem o saudava:

“O que desejas, jovem viajante? Conhecimento ou um lugar aconchegante? A julgar por ti, a segunda opção escolheria; Mas teus olhos dizem coisas que nem eu mesmo saberia…”

Entregou o papel que lhe foi dado pelo estranho ao jovem, que de imediato transformou seu semblante. Desta vez, sem cantarolar, disse:

“Siga-me, por favor”

Seguiu o estranho pelos lindos tapetes azuis que cobriam o chão do lugar. Subiram ao andar superior e entraram em uma das portas.

Era um pequeno quarto, com apenas uma cama e um forno. Em um dos cantos, um velho produzia um som agradável em seu bandolim. Um cheiro delicioso entrava por suas narinas e castigava seu estômago, vazio após um longo dia de viagem. A porta atrás dele se fecha. O velho interrompe a canção e lhe sorri…

“Suponho que tu sejas um dos novos aventureiros desta terra. Queres descansar aqui, meu jovem amigo viajante? Posso lhe oferecer comida quente e uma canção? Eu imploro para que fiques por aqui e descanses até o amanhecer. Meu fogo e minha canção serão vossos por uma noite Qual destes presentes receberás?”

Seja Bem-Vindo, cansado estranho! Aqui você encontrará pão fresquinho e a deliciosa canção de meu bandolim. Uma busca em Britannia, você diz? Descanse ao lado do fogo, e eu lhe contarei a história de nossa terra para seu deleito e diversão.

Eu sou considerado, por todo mundo, um expert nestes assuntos. Minha peregrinação como poeta me trouxe à adorável cidade de Britain, mas tive o prazer de ter espalhado meu trabalho em Moonglow, Trinsic e outras cidadezinhas que você deve ter visto em suas viagens. Uma jornada por Britannia pode não ser completamente compreendida sem as informações que estou prestes a lhe passar. Portanto descanse, gentil viajante, e eu começarei…

Antes do Estranho entrar nas terras de Sosaria e os quarto continentes dentro dela — as Terras de Lord British, as Terras do Perigo e Desespero, as Terras da Escuridão Desconhecida, e as Terras dos Lordes Feudais — surgia um jovem mago chamado Mondain. Assim como Mondain crescia em idade e conhecimento, crescia também sua inquestionável sede por poder e seu descontentamento com a vida mortal. Ele ficou obcecado em enganar a mortalidade e ter vida eterna. Finalmente, ele soube sobre a Gema da Imortalidade, que daria incrível poder e imortalidade a quem a possuísse. Claro que você já deve saber sobre isso…

Na minha opinião, a mesma de outros historiadores deste reino, o desejo de Mondain pela imortalidade o corrompeu devido à avareza peculiar àqueles que estudavam os poderes da magia. Seu desejo obcecado pela Gema o consumiu, e depois de muito tormento, ele foi, determinado, assassinar o guardador da Gema — seu pai.

O nome de Mondain ainda é amaldiçoado Britannia até hoje, pois qualquer um que desembainha a espada contra seu próprio sangue por egoísmo é eternamente servidor da Força das Trevas. Mas, isso é assunto para uma outra noite. Mas para entender realmente nosso ódio por Mondain, você preisa saber mais…

Depois de tomar a Gema para si, Mondain fez planos para usá-la em um ritual que lhe daria o poder máximo. Durante a cerimônia que ligaria para sempre Mondain e a Gema, a gema capturou uma imagem do mundo inteiro, menos o protagonista do ritual — o próprio Mondain.

Uma vez cheio do poder da imortalidade, Mondain usou a Gema para dominar o mundo — até a chegada de um Estranho, determinado a destruir a fonte da existência de Mondain. Tendo viajado por anos pelas terras de Sosaria, a missão deste Estranho era libertar a terra e o povo do domínio sombrio de Mondain. Depois de muitas batalhas, ele foi até o lar do dominador e derrubou o maligno feiticeiro destruindo a Gema. Assim que a essência da imortalidade se perdeu sobre a terra, a fábrica do universo começou a se desatar. E com o poder da Gema extinto, Mondain foi eliminado.

Nós em Britannia festejamos este fato uma vez por ano como “O Herói que matou Mondain”, mas infelizmente ele partiu sem deixar descendentes. Ele agüentou muito tempo ainda de sofrimento, talvez a catástrofe lavrada pela libertação da avareza de Mondain tenha diminuído. Não fosse pelos espíritos benevolentes que tomam conta deste mundo, Britannia provavelmente não existiria hoje.

Veja bem: preocupados com os resultados do rumo natural das coisas — onde a busca de apenas um homem quase acabou com o mundo — nossos espíritos guardiões criaram um plano para assegurar que a terra seguiria o caminho do bem. Prevenidos da devastação causada pela destruição da Gema, eles domiraram a fábrica de tempo-espaço e recriaram as fibras de Sosaria, que hoje nós chamamos de Britannia. O povo acredita a cadeia de montanhas que delimita as terras são as cicatrizes deste “remendo”, embora isto seja apenas uma crença.

Dizem também que quando a Gema foi quebrada, milhares de fragmentos se espalharam pelo universo. Em cada faceta, aparentemente, existia uma replica de Sosaria, assim como a capturada no ritual de Mondain.

Nenhum mortal ainda achou um meio de reunir estes fragmentos, e como historiador eu tenho curiosidade por suas existências. Eu daria minha vida por uma magia que revertesse o fluxo do tempo para que eu pudesse saber tudo o que aconteceu! Talvez um dia um outro Estranho venha – um estranho assim como você — que conseguirá responder estas perguntas.

Os sinais de cansaço pareciam ter desaparecido completamente do rosto do jovem. Sedrik tragava seu cachimbo, ao mesmo tempo que admirava o jovem à sua frente. Era incomum alguém daquela idade perseguir tão incansavelmente suas origens. Era respeitável.

– E sobre Lord British, Senhor? O que sabes sobre nosso governante? – O jovem interrompe a análise de Sedrik.

O ancião pega seu bandolim, e dedilhando algo bastante agradável, atende ao pedido do rapaz:

“Lord British nasceu na Terra, e como todos os outros homens da Terra, British é muito velho, mesmo que seu envelhecimento tenha sido reduzido a um décimo do normal em Britannia.

Embora Lord British governe Britannia, ele não nasceu neste plano. Na história cronológica do Última, Lord British é o próprio Richard Garriot, que passou para a dimensão de Sosaria por um portal aberto de sua própria dimensão quando ele encontrou um medalhão com uma Serpente Prateada e mexeu no mesmo. No Última Online, nenhuma referência à Terra foi encontrada, embora em uma conversa com o Deus do Tempo tenha sido dado uma pista que British veio de uma outra dimensão.

O Medalhão da Serpente Prateada permite a British viajar entre Britannia e a Earth através da abertura de portais. British algumas vezes convida amigos para se irem com ele à sua dimensão: Blackthorn, Elén, Acanthus e Hobbe, entre outros. No Ultima Online, no mínimo Blackthorn e Acanthus parecem gozar da mesma imortalidade virtual de British, o que sugere que eles VÊM da Terra. Elén, Hobbe e Eleanor (que é um cidadão de Britannia) nunca ouviram falar disso.”

“Por um grande número de feitos, que era na maior parte das vezes chamar o Estranho para fazer o trabalho, British ganhou o título de Lord, e foi chamado para governar grandes cidades que formavam Sosaria. Quando as cidades-estado se reuniram sob uma única bandeira, Sosaria se tornou Britannia em homenagem a Lord British, e ele foi coroado. Ele vive no Castelo de Britannia, aqui em Britain, capital de Britannia (nome bastante original, não?).

Lord British acredita que um sistema ético e moral, representado pelas 8 Virtudes, é o caminho para a salvação e a união de todos os shards em uma única Britannia. Ele mandou que fossem construídos santuários pelo mundo, para que as Virtudes estejam próximas a seu povo, e vice-versa. Contudo, alguns vêem isto como uma tentativa de impor suas próprias crenças a seu povo, e se opõe a ele com maior ou menos agressividade. Lord Blackthorn, o amigo mais íntimo de Lord British, é o líder de uma outra linha de pensamento, onde você é livre para acreditar no que você quiser pelos princípios da diversidade e individualidade. Se quiser saber mais, vá até o castelo de Lord Blackthorn. Lá você poderá encontrar um manuscrito com sua obra: “Um chamado à Anarquia”.

Por algum tempo a aparição de British tem sido escassa. Há tempos Lord British parece governar através de proclamações e decretos. Além disso, sua desavença com Lord Blackthorn está piorando. Eles não se entendem desde a formação das Facções das Virtudes.”

– Facções da Virtudes? – pergunta o curioso jovem.

– Sim, rapaz! – responde Sedrik – mas lhe contarei no devido tempo.

Um dia estava no castelo de Britannia para alegrar British com minha música. British me ouvia enquanto escrevia, compenetradamente, um documento. Eis que chega Lord Blackthorn, e, na alegria de rever o amigo, British esquece que eu estava ali. Parei de tocar imediatamente, e presenciei uma conversa dos dois:

“É hora de apertar o cêrco, Blackthorn.”

British estava sentado atrás de uma pesada mesa de carvalho. Um pequeno pedaço de cabelo louro trançado balançava atrás de seu ombro, se perdendo em seu sobretudo. Suas mãos estavam sobre a mesa, dedos abertos sobre um mapa, e seus fortes braços enquadravam a serpente dançante bordada em seu peito. Ao falar, seus olhos seguiam a linha marrom quase apagada no mapa, engajando uma jornada mental pelos campos e montanhas da Espinha da Serpente. Não pude ver direito o mapa de onde eu estava sentado, mas eu notei seus olhos parados, estudando uma passagem em particular nas montanhas.

“Temo que isto seja um engano, meu lorde,” Lord Blackthorn disse, tristemente balançando a cabeça. “Com certeza a situação não é tão ruim como descrevestes.”

“Mas é!” Lord British disse, rigorosamente, empurrando a mesa e voltando-se para olhar a neve que caía lá fora. Assim que Blackthorn baixou sua cabeça em consentimento, o governante tornou a baixar a voz, “A morte este ano, Blackthorn. Todas aquelas pessoas cujas famílias não têm alegria neste inverno. A comida que não sera trazida á mesa, as lojas que não abrirão as portas. Estas crianças sem pais e pais sem filhos!!!! Lembre-se das mortes e dos funerais que vimos. Veja!”

Blackthorn foi ficar ao lado de seu suserano, à janela, olhando através dos densos flocos de neve, atrás do fosso, para o pequeno ferreiro ao norte de Britain. Como todo dia de falecimento, um funeral construía seu caminho pelas calçadas, pessoas se aglomerando por causa do frio e chorando o impagável destino. Ele colocou a mão sobre o ombro de seu amigo.

“Isto não os trará de volta à vida, meu lorde,” disse calmamente.

Lord British desfere um soco na parede. “Não, não os trará de volta. Mas talvez traga os assassinos à justiça!”

Blackthorn voltou-se: “Justiça? Que justiça? Tu fazes uma proposta de encobrir assassinatos embutindo leis. Já ouvi de um homem que um batedor de carteiras foi linchado, sem julgamento, em praça pública, tão assustado está o povo! Agora escolhestes sancionar os atos deles?”

“Mas apenas contra os assassinos, Blackthorn!” British voltou á mesa. “Leia este documento que eu escrevi, definindo a nova lei. Leia com atenção e diga-me que não servirá!”

Com um suspiro, Blackthorn puxou uma cadeira e começou a ler o documento de difícil compreensão, enquanto British caminhava vigorosamente para a lareira e estendia as mãos para se aquecer no braseiro. “‘É cedo demais para nevar, não?” ele disse. “Uma lua acolhedora e neve caindo por todos estes dias, mesmo que a temperatura ainda não esteja tão baixa para que ela acumule.” E realmente tinha feito muito frio naqueles dias, pois eu quase congelava até mesmo quando estava em casa.

Blackthorn concordou, meio distraído. “Alguns dizem que é um bom presságio” ele disse, terminando de ler o documento da nova lei. “Isto…” ele diz, virando o pergaminho.

“Sim?” Lord British disse, olhando com avidez e expectative para seu amigo.

Blackthorn suspirou. “Estou relutante em admitir, mas isto servirá para teu propósito.”

“Excelente, então devemos proclamar isto como lei: que os cidadãos de Britannia devem caçar aqueles que mataram muitos, e podem exigir um pedaço das propriedades do criminoso.”

“Mas,” disse Blackthorn.

Lord British levantou uma de suas sombrancelhas, e entortou os lábios.

Blackthorn se levantou: “Esse negócio de Facções da Nova Ordem… Eu não gostei disso.”

“Bah,” disse Lord British, ignorando a preocupação com o balançar de uma das mãos “‘isto é meramente uma nova Ordem de cavaleiros”.

“Não me ignore!” avisou Lord Blackthorn, com o tom de voz crescendo com a raiva. “Não planejas lançar uma nova lei obrigando as virtudes? Sabes como eu e muitos da população nos sentiríamos a respeito disso!”

British ficou nervoso, levantou-se e atirou a mesa longe. “As Facções das Virtudes serão compostas pelos melhores que tivermos, e eles servirão de exemplo para o restante da população!”

“Espiando pela janela para ver quem é pobre? E matando aqueles que eles acham criminosos? Que tipo de guarda é essa? Estás dizendo à população como devem pensar, e como se comportar!”

“British segurou as costas da cadeira à sua frente tão forte que seus dedos ficaram tão brancos quanto a neve que caía lá fora. “Não é a função de um governo, Blackthorn? Ensinar as pessoas como se comportarem?”

Blackthorn empurrou a mesa, e se pôs de pé. A figura de Blackthorn era drasticamente diferente da figura de Lord British. Seu cabelo era escuro e baixo, assim como sua barba; Em sua veste ele parecia uma sombra provocada pela janela atrás dele. Atrás de Lord British havia um fogo ardente, e atrás de Blackthorn uma tempoestade de inverno. “Tu não es pai de cada um dos habitants de Britannia, milord,” ele disse friamente. “Se tu persistires em dar ordens a cada um, eles se rebelarão.”

Assim ficaram, claro contra escuro, até Lord British dizer, calmamente: “Chegamos a isto,
meu amigo?”

Blackthorn’s arregalou os olhos, então falou novamente: “Não subestime nossa amizade, meu amigo. Estamos discutindo um problema de Estado.”

Lord British baixou a cabeça como se algo houvesse o machucado: “Estamos? Então assim seja. Amanhã proclamarei que qualquer um que tiver a personalidade requerida podem entrar para a Guarda das Virtudes. Eles receberão um escudo com meu emblema, a serpente de prata, assim eles defenderão o que é bom e honrável neste mundo. Qualquer um que desonrar o emblema o terá retirado como mancha. E eu também proclamarei a lei para os caçadores de recompensa.”

Blackthorn afastou-se tempestuosamente da mesa. À porta ele parou e olhou para trás. Lord British sequer levantou a cabeça.

“Então amanhã eu anunciarei para o mesmo povo que tu almejas recrutar para tua guarda que eles podem escolher servir ao meu emblema, e servir como guardas da Virtude do Chaos.”

British olhou para ele, olhos em chamas. “Tomes cuidado onde pisas, Blackthorn. Um exército próprio…”

“Pelo contrário, meu lorde,” Blackthorn disse de forma oleosa. “Eles simplesmente servirão como exemplo do que acredito, e na certeza daqueles que se consideram adultos suficientes para decidir o que é certo ou errado para eles. Aqueles que se cansarem de guardas exaltados que matam criminosos insignificantes nas provocações mais idiotas, e cansados deste excesso de paternalismo em teu governo.”

Lord British o olhou furiosamente, e assim ficaram, preso ente o livre arbítrio e a civilidade. Eu me recompus onde estava sentado, debruçado sobre a lareira, e rezando para que nenhum dos dois me visse.

“Boatos correm,” Lord British disse de repente. “Alguns dizem que nós temos mentes bem diferentes, e este equilíbrio é necessário. Alguns falam de uma cidade fundada para este propósito, uma cidade de Equilíbrio, escondida nas profundezas das montanhas, onde o vendo assobia.”

Blackthorn inclinou a cabeça: “Eu ouvi estes boatos.”

“Acanthus me disse que não é boato, pois ele recebeu uma carta.”

“De fato,” disse Blackthorn, sem dar importância.

”E existem as estranhas profecias que são pregadas por loucos, e escritas em túmulos ou colunas de pedra,” o governante de Britannia continuou, dogmático. “São anos turbulentos, Blackthorn.”

“São,” disse Blackthorn, ainda parado em frente à porta.

Lord British esperou que seu amigo desse alguma importãncia; mas o mago de preto não deu.

“Então assim seja,” disse British, com raiva. “Eu lhe atiro um osso, Blackthorn. Faça tua própria facção para guardar a Virtude do Chaos. Deixe que vistam o emblema, e vamos esperar que sejam homens bons e honestos. E deixe-me proclamar amanhã, juntamente com a nova lei, que teus guardas e os meus podem co-existir, mas não poderão estar nas duas facções; Eles poderão agir livres, e é claro, até derramar sangue. E talvez nós vejamos quais virtudes permanecerão em um teste de combate.”

Blackthorn arregalou os olhos. “Agora tu falas até em levanter exércitos, meu amigo.
Estás movendo o jogo de xadrez para outro tabuleiro? Isso não parece bom para a segurança de nossas terras…”

“Não subestime nossa amizade!” disse Lord British, jogando as palavras de Lord Blackthorn contra ele mesmo. “Já disse.”

Blackthorn acenou brevemente com a cabeça, e então bateu a porta. Só então Lord
British soltou as mãos da cadeira, para usá-las no mapa. Seus dedos percorriam a linha marrom, até chegar ao deserto deixado por batalhas passadas, o deserto onde irmãos derramam o sangue uns dos outros e nada cresce. O deserto que fez nascer a semente de Britannia. E lá eles descansaram. O homem que governava uma terra turbulenta sentou-se para ouvir a tempestade que caía lá fora, e o cortejo que levava alguém para um frio cemitério.

Ele não viu, mas eu vi; a figura negra e crescente, com dentes caninos e olhos brilhantes e metálicos que brilhavam do lado de fora da janela, flutuando pelas paredes: Um demônio que escutou tudo por razões próprias. Ele voou batendo suas enormes asas, camufladas pela tempestade, carregando informações pela noite escura sobre a fenda aberta na Corte.

Um escriba bateu incansavelmente na porta, e British o mandou entrar. “Leve isto ao Cônsul,” o lorde ordenou, entregando as novas leis após escrever as últimas palavras no pergaminho. O vassalo correu, e logo eram ouvidos da porta aberta os primeiros gritos da câmara de Cônsules como homens brigando: “‘isto é guerra!” alguém gritou. “Pelo contrário, é paz!” diziam outros, enquanto eu discretamente saía tentando não ser percebido.”

– Mas e esse Lord Blackthorn? De onde ele veio? Dissestes que talvez ele também seja desse mundo chamado Terra, mas ele parece não ter passado! – questionou o incansável viajante.

– A história de Blackthorn é triste, meu amigo. Não é o que podemos chamar de história com um final feliz… – respondeu o bardo

– Como assim? Ele não era o melhor amigo de British? – retrucou o jovem, franzindo as sombrancelhas num misto de dúvida e espanto.

Se deseja sabe, irei lhe contar:

“Após a batalha com Exodus, entramos em um período que foi chamado a Era das Virtudes.

Lord British uniu Sosaria sob um novo nome, Britannia. No brilho da glória do novo país, os velhos problemas do reino foram esquecidos. A paz prevalecia, e nela a terra cresceu em fartura. Lord British retirou as pessoas que, em seu reino benevolente, desenvolveram um crescente interesse nas vastas e desconhecidas paisagens da mente.

Quando emergiu de sua prisão, Lord British proclamou as oito Virtudes Sagradas como essência da vida dos Britannianos. Por eles, procurou um Campeão.

A pedido de seu Rei, o viajante – o Estranho salvador de Sosaria – retornou e passou a explorar Britannia, para conhecer os bens e os perigos da terra. Através de testes de mente e corpo, o viajante evoluiu e passou a ter poderes únicos para possuir as Virtudes. Retornando a seu Rei como um homem puro, o viajante foi proclamado Materialização das Virtudes, defensor do povo, e protetor da terra. Britannia tinha seu campeão.”

– Onde posso saber mais sobre estas virtudes? – perguntou o viajante.

– Você poderá achar mais sobre as virtudes em um dos livros da minha coleção. Venha quando quiser ao meu quarto e estude o que desejar. Porém, deixe-me continuar a história:

“Após a batalha com Exodus, entramos em um período que foi chamado a Era das Virtudes. Lord British uniu Sosaria sob um novo nome, Britannia. No brilho da glória do novo país, os velhos problemas do reino foram esquecidos. A paz prevalecia, e nela a terra cresceu em fartura. Lord British retirou as pessoas que, em seu reino benevolente, desenvolveram um crescente interesse nas vastas e desconhecidas paisagens da mente.

Quando emergiu de sua prisão, Lord British proclamou as Oito Virtudes Sagradas como essência da vida dos Britannianos. Por eles, procurou um Campeão. A pedido de seu Rei, o viajante – o Estranho salvador de Sosaria – retornou e passou a explorar Britannia, para conhecer os bens e os perigos da terra. Através de testes de mente e corpo, o viajante evoluiu e passou a ter poderes únicos para possuir as Virtudes. Retornando a seu Rei como um homem puro, o viajante foi proclamado Avatar das Virtudes, defensor do povo, e protetor da terra. Britannia tinha seu campeão.

Defendendo a terra contra as forces do mal, o Rei não tendeu ao mal que florescia dentro dele. Cauteloso com o recém-descoberto submundo, Lord British comandou uma expedição para fechar suas portas de onde ascenderam muitos monstros abomináveis para Britannia.

Porém, da Gema da Imortalidade, o fragmento da alma de Mondain libertou os Generais das Sombras, espectros de outro mundo. Essas criaturas influenciaram Lord Blackthorn, a quem British havia deixado encarregado de cuidar de Britannia, enquanto estava fora. Os generais das Sombras logo trataram de encher seu ego. Quando o Rei não retornou como prometido, Blackthorn nomeou a si mesmo regente do Reino.

Lord Blackthorn começou uma inquisição aos inimigos do Estado. Todos estavam sujeitos à inquisição, e todos os que pertenciam à classe eram executados em praça pública diante dos inquisitores. Nenhum dos aterrorizados cidadãos suspeitaram do mal que se escondia atrás do trono.

No seu retorno a Britannia, o Avatar encontrou a cidade em chamas. Ele elegeu oito companheiros para ajudá-lo no resgate de seu Rei. Lord British foi encontrado acorrentado no submundo, e por sua traição às virtudes, Lord Blackthorn foi jogado no vazio eterno.”

– E onde está Blackthorn? – perguntou o jovem viajante.

– Esta pergunta nem mesmo eu posso responder – retornou Sedrik – Contudo, alguns afirmam que viram Blackthorn em algum lugar do Templo dos Demônios, completamente desfigurado, robotizado. Alguns dizem que o viram com aparência metade humana, metade monstro. Porém, algumas pessoas dizem que Blackthorn foi visto andando entre a população, usando um sobretudo preto. Só o Lorde do Tempo poderia dizer o que o abismo onde Blackthorn foi jogado fez com ele. Seu paradeiro ainda… – Sedrik é interrompido pelo toque de trombetas; Sinal de Anúncio Oficial.

Os dois correm à entrada do Palácio de Lord Britsh, onde um dos Cônsules gritava do alto de um palanque improvisado:

“Em algum lugar do mundo uma Elfa de nome Andriel se esconde dos Generais das Sombras. Ela patrulha as terras de Britannia para assegurar que nenhum mal nos pegue de surpresa. Andriel comunicou através de uma ave que tem um importante comunicado para o Rei.

Seu Lorde tem um importante comunicado a fazer: Recompensará generosamente quem encontrar Andriel e trazer a mensagem a salvo para suas mãos. Mas avisa que, por segurança, Andriel só aparece em ocasiões especiais, e não pode ser achada por nenhuma habilidade telepática”.

O Cônsul fecha o pergaminho e desce do palanque, quando um enorme alvoroço já era visto. Guerreiros em breve partiriam à procura de Andriel.

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