Tomo VI: Habitatione Divinu

Capítulo I: O Resgate de Akalmil

Sabendo das intenções de Acanthus, muitos aventureiros foram em busca de Akalmil. Cada um que chegava em sua morada nada encontrava, a Casa de Banhos de Bucaneer’s Den estava estranhamente vazia. Poucos foram os que pensaram como Acanthus, seguindo seus rastros até a floresta para adentrar o subterrâneo daquela cidade insular.
O exótico Escardus estava em seu bar favorito de Britannia, o Pirate’s Pal, e resolveu desafiar os pobres que procuravam Akalmil. Escardus se empolgou com a situação e via uma oportunidade de diversão, ele poderia matar alguns homens metidos a guerreiros e ao mesmo tempo seguir com o plano de seu grande mestre. Por sua vez, o louco mas também muito inteligente Acanthus havia encarregado Escardus de ser o guardião de Akalmil, que estava escondido em Waste Lands e a única maneira de encontrá-lo era derrotando Escardus, que poderia ser alcançado através dos esgotos que passam por Britain.
Assim a busca começou, a brincadeira de Escardus deixava todos furiosos até que ele percebera não ser tão poderoso e inteligente quanto pensava, sendo assim encontrado e derrotado. “No topo do mundo, onde se ilumina os confis de Sosaria”, estas foram as últimas palavras de Escardus, revelando o esconderijo de Akalmil.
Linked, fiél seguidor de Blackthorn, ficou contente com seu progresso, e sabia que seu mestre ficaria muito satisfeito em saber do paradeiro de Akalmil. Bastava agora chegar ao faról que ilumina o norte de Waste Lands e torcer para que Akalmil estivesse vivo. Chegando lá, Linked abriu a porta com a chave encontrada em Escardus e levou o pobre astrólogo que passara por epxeriências difíceis, pois existiam quatro grandes poderes procurando-o.
Agora Akalmil tinha que torcer para que o tratamento dado pelas pessoas que o salvaram fosse melhor que o de Acanthus. O Mesiac tinha apenas um interesse e não se importava muito com a disputa de poderes entre British, Blackthorn, Elén e Acanthus; ele precisava apenas da ajuda de pessoas interessadas no bem de Britannia. Assim, antes de ser levado para Lorde Blackthorn ele começou a conversar com seu salvador.
Akalmil – Venha Linked, irei lhe contar minha história. Gostaria que a escutasse antes de me levar a seu mestre. Antes de ser raptado pelos homens de Acanthus, fiquei sabendo de algo extraordinário, que pode destruir toda Britannia. Infelizmente, após passar por muita tortura eu contei a Acanthus tudo que estou para lhe dizer, e agora este louco homem irá apoiar o evento catastrófico que está por vir.
Eu conheci um ser, e resolvi ajudá-lo. A melhor forma para fazê-lo era encontrando as mais poderosas armas que Britannia já viu sob o poder dos mortais, as Armaduras Elementais.
Sabia que a partir daquele momento eu estaria em perigo, e pude logo perceber que as Quatro Facções de nosso mundo estavam a minha procura. O aparecimento da Armadura da Terra, previsto e mantido em segredo por mim, assustara Lorde British e Lorde Blackthorn, que em um momento histórico se uniram. Infelizmente essa breve aliança fracassou como você deve saber, as informações vazaram e os loucos seguidores de Acanthus junto dos mercenários necessitados de Elén me raptaram. A partir de agora, para lhe contar minha história completa, preciso antes contar toda a história de dois seres excepcionais, dois inimigos.

Capítulo II: Angelu Dirupta

Akalmil então levou Linked para sua casa, e iniciou sua história. A família Mesiac era muito rica, residentes de Moonglow. Eles eram conhecidos por sua curiosidade e dedicação. Quando Akalmil ainda era muito novo, a algumas dezenas de anos, seus 3 irmãos mais velhos se juntaram e construiram um aparato que permitia os fracos olhos humanos se aproximarem dos céus e seus segredos, a este instrumento foi dado o nome de telescópio. Desde então, esta família passou a se dedicar quase que integralmente ao estudo das estrelas.
Nos tempos de hoje, Akalmil é considerado a maior autoridade do assunto. Poucos são os Mesiac que restaram e Akalmil foi o único a continuar em Moonglow, pois seus estudos necessitam do grande telescópio Mesiac.
Apenas um recente fato foi capaz de mudar o foco de Akalmil. Todo o rebuliço em torno da retirada das Armaduras Elementais de seus locais de repouso que resultou na morte e ressurreição de British e Blackthorn intrigava aquela mente ávida por descobertas, enquanto a população acreditava ser apenas fruto das intervenções divinas. Mais recente ainda, o aparecimento da Armadura da Terra nas mãos de Anastacia trouxe mais e mais perguntas para aquela curiosa mente.
Por ser um cientista, Akalmil era muito incrédulo mas muitas vezes queria ter a ignorância das pessoas comuns… ele então decidiu que iria tentar provar a existência de deuses e criaturas míticas. Ele viajou durante meses para os mais variados locais em companhia de um poderoso guerreiro, chamado Ras Kadahar, que era um grande amigo da família Mesiac.
Akalmil ficou estupefato com as criaturas que encontrou durante sua viagem, no entanto nada impressionava Kadahar. Akalmil foi percebendo que estar trancafiado em bibliotecas e escritórios podia fornecer grande conhecimento, mas a convivência e interatividade com a natureza eram incomparaveis. Pelo simples contato com o mundo, até mesmo um bruto guerreiro adquiria um aprendizado invejável.
Mas Akalmil ainda não estava satisfeito, ele precisava descobrir como criaturas tão especiais que ele encontrara em sua jornada haviam chegado em Britannia, e seu ceticismo foi diminuindo, ele já acreditava na existência de seres divinos chamados de deuses… faltava apenas provar esta crença popular.
De volta a Moonglow, o jovem Mesiac não sabia como continuar sua pesquisa; ele viajara por meio mundo, escalara as mais altas montanhas, desbravara as mais densas florestas, aprofundara-se nas maiores cavernas existentes e conheçera os mais longínquos oceanos… foi pensando em toda sua expedição que ele chegou a uma conclusão, a resposta que ele buscava não se encontrava na superfície de Britannia, podia estar apenas sob ou abaixo dela, além dos limites das montanhas e minas.
Akalmil pediu para seu amigo Ras Kadahar que procurasse as mais profundas cavernas, enquanto ele ficaria em Moonglow procurando a morada dos deuses onde nenhum homem era capaz de chegar, voltando assim seu telescópio para o infito céu.
Mais alguns meses se passaram e Akalmil continuava sem respostas. Seu amigo Ras Kadahar já havia se aventurado nas mais profundas cavernas e também não foi capaz de desvendar nenhum segredo.
Akalmil já estava perdendo suas esperanças, até que um dia avistou em seu telescópio uma criatura com enormes asas, no entanto o instrumento já estava muito velho e não permitia que Akalmil tivesse uma visão nítida.
Ele acompanhou a trajetória do ser, que claramente não estava em perfeitas condições, por muitas milhas.
A criatura alada procurava por um lugar seguro e conforme ia se aproximando de Moonglow sua figura ficava mais nítida para Akalmil. Momentos antes dela desabar, Akalmil percebeu uma silhueta humanóide, rapidamente subiu em seu cavalo e correu para a floresta onde a queda acontecera.
Fora o fato de ter asas, a criatura era igual a qualquer outro humano e estava severamente machucada. Akalmil, ao mesmo tempo solidário e curioso a levou para sua casa e cuidou de seus ferimentos.
Algumas horas depois ela se levantou, e seus machucados estavam quase que integralmente curados. Akalmil escutou alguns barulhos e foi checar o que estava acontecendo. Chegando ao quarto a criatura estava de pé e retirando os curativos. Akalmil disse:
– Está louco rapaz?? Você precisa descansar mais e deixar os curativos para melhorar!!
O rapaz alado e um pouco atordoado respondeu:
– Não se preocupe amigo, eu já estou bem.
Após a retirada de todos os curativos Akalmil ficou espantado, todos os profundos ferimentos eram apenas pequenos “ralados”… sem mais delongas Akalmil quis acabar com sua curiosidade:
– O QUE você é?
– Vejo que o senhor não é muito educado. Mas por ter me provido uma enorme ajuda acho que devo-lhe explicações. Serei tão direto quanto o senhor. Meu nome é Alexiel, e sou um enviado de Zeus. Vocês humanos nos deram a denominação de anjos, poucos são os que conheçem este termo, e menos ainda são os que nos viram.
Akalmil ficou paralisado! Todo seu ceticismo já não estava presente em seus pensamentos, e ele podia sentir naquelas palavras total sinceridade. Finalmente a prova da existência divina estava à sua frente.
Após ficar calado por alguns momentos, Akalmil conteve sua surpresa pois queria fazer muitas perguntas, e então começou:
Akalmil – Me diga, se você é uma criatura divina e sagrada, o que lhe causou tantos ferimentos?
Alexiel replicou:
Alexiel – Meu curioso amigo, esta é uma longa estória!
Akalmil – Não se preocupe Alexiel, eu sou um estudioso e quando se trata de aprendizado eu tenho todo o tempo que desejar.
Alexiel – Mas eu não tenho este luxo, tenho uma missão e preciso ir embora. Ficando aqui posso lhe colocar em perigo, e deixando minha missão se atrasar mais ainda todos estarão em perigo.
Akalmil – Então me leve com você! Tenho experiência em aventuras!!
Alexiel – Você é livre para ir aonde quiser mortal, se conseguir me acompanhar pode vir comigo.
Alexiel deixou a casa e começou a voar, Akalmil correu atrás dele que logo voltou a tombar, seus ferimentos ainda necessitavam de tratamento.
Akalmil ajudando Alexiel a levantar-se disse:
Akalmil – Acho que você superstimou sua força colega angelical, meu nome é Akalmil e continuarei cuidando de seus machucados.
Alexiel acabara de perceber a seriedade de seus problemas… e naquele momento resolveu que iria contar àquele curioso humano sobre o que estava acontecendo enquanto estivesse sob seus cuidados.

Capítulo III: Vita Perdita

Alexiel – Akalmil, resolvi lhe contar sobre minha vida! Não vejo maldade em você, apenas uma anciedade por conhecimento.
Alalmil – Agradeço imensamente Alexiel, apenas isso que lhe pedirei.
Alexiel então começou a contar sua estória. Em outrora ele também fora um mortal, de uma nobre e antiga família residente de Britain. Ele e seu irmão gêmeo Rosiel estavam sendo ensinados em artes diplomáticas como de costume entre famílias ricas.
Alexiel era alguns minutos mais novo do que Rosiel, e mesmo a diferença sendo mínima Rosiel ainda era considerado o primogênito e por isso era o principal herdeiro da família. Óbviamente Alexiel sentia inveja da posição de seu irmão e achava muito injusto que por causa de poucos minutos Rosiel se tornasse herdeiro integral, e sempre que havia a oportunidade ele conversava com seu pai e tentava convencê-lo a dividir a herança, suas diversas tentativas em vão o deixava cada vez mais frustrado.
Rosiel sempre recebera um tratamento diferenciado mas mesmo assim compreendia a dor de seu irmão, e sempre tentava consolá-lo de alguma forma, despertando ainda mais raiva em Alexiel que acreditava que Rosiel fazia aquilo apenas para esnobar sua posição de primogênito.
Em certa ocasião, Rosiel e Alexiel foram enviados pelo patriarca para fechar negociações diplomáticas em Nujel’m.
A tripulação do navio alertou aos dois irmãos sobre como poderia ser perigoso passar próximo a Bucaneer’s Den com um transporte de tal porte e notavelmente rico. No entanto, Rosiel ordenou que fosse feito o caminho mais rápido não importando os perigos uma vez que as negociações eram urgentes. Na posição de servos da família de Rosiel a tripulação pôde apenas acatar sua ordem.
A meio caminho de Nujel’m, em um dia tempestuoso, o navio de Rosiel e Alexiel fora abordado por piratas vindos de Bucaneer’s, como previsto pela tripulação. Os bandidos dominavam com perfeição toda a arte da navegação e da guerra e foi apenas questão de minutos até que o rico navio estivesse sendo saqueado pelos piratas. Rosiel ordenou que a tripulação não reagisse e todos foram presos aos mastros das velas enquanto os piratas levavam para seus barcos todos os objetos que encontravam.
Rosiel suplicou pela vida de seus homens com uma lábia impressionante, então o capitão pirata prometeu deixá-los com vida e retirou todos os seus homens e rumaram para o sul… alguns instantes depois foi possível escutar cerca de uma dúzia de estrondos cada um seguido de grande trepidações no navio, alguns homens puderam ver que o principal navio pirata estava atirando com seus canhões no casco contra sua embarcação.
Rosiel e Alexiel estavam presos a um mastro separados do resto da tripulação, quando o barco começou a afundar Alexiel entrou em pânico e pediu desculpas por toda a inveja que sempre sentira de seu irmão. Rosiel estava surpreendentemente calmo e mais uma vez apresentava total compreensão quanto as atitudes de seu irmão.
Após alguns minutos já submersos Rosiel percebeu que as cordas que prendiam a ele e seu irmão estavam um pouco frouxas, ao olhar para trás ele viu que Alexiel já estava quase desmaiando e tentou soltar ambos. Suas tentativas eram inúteis, a corda não estava solta o suficiente até que ele tentou sair por baixo. Conforme Rosiel ia nadando para baixo a corda ia se apertando mais até chegar ao seu pescoço, foi aí que o corpo quase inerte de Alexiel começou a flutar por causa da folga que a corda teve ao pessar pelo pescoço de seu irmão.
O movimento fez com que Alexiel despertasse a tempo de ver que a corda estava sufocando seu irmão, Alexiel já estava quase livre e tentou por alguns segundos soltar Rosiel, no entanto o navio estava afundando muito rápido. Rosiel abriu os olhos que foram de encontro a Alexiel, que por sua vez entendeu o que ele estava lhe dizendo com aquele olhar. Alexiel conseguiu dar um último abraço em seu irmão e começou a nadar para a superfície.
Alexiel – Estas são minhas últimas lembranças daquele episódio, depois disso me lembro de acordar em uma cela imunda. Eu estava sendo mantido em Bucaneer’s, acredito que os piratas encontraram meu corpo ainda com vida e por causa de minhas vestes decidiram tentar pedir um resgate a Britain. Felizmente, cerca de um mês depois, o resgate foi pago e os piratas mantiveram a palavra e me devolveram com vida à minha cidade!
Akalmil – Sinto muito por sua perda Alexiel, mas fiquei muito intrigado por saber que você também já foi humano como eu, aumentando minha curiosidade de saber como chegastes até sua atual situação.
Alexiel – Tenha paciência caro Akalmil, isso ocorreu faz algumas centenas de anos, ainda tenho muito a lhe contar…

Capítulo IV: Unione Germanu

Alexiel deu continuidade a sua triste narrativa:
Logo que fui salvo pelo resgate pago eu fiquei feliz por ter tido minha vida poupada duas vezes. No entanto nos meses em que se seguiram eu pude apenas viver em pranto e dor devido ao sacrifício de meu irmão. Eu tive raiva dele por muitos anos por causa de um motivo idiota puramente materialista, e ele deixou tudo isso de lado por mim, ele que teria sua vida garantida com a herança de nossa família se importou muito mais comigo em seus últimos suspiros de vida. Isso me atordoava a cada segundo!
Conforme o tempo passava e todas as burocracias iam sendo resolvidas, minha família achou que seria uma boa idéia eu ficar com o diário de Rosiel, já que ele era muito sábio e maduro para sua idade. O todo o ódio que eu já havia sentido por Rosiel agora ia somente para minha família, pois cada vez que eu olhava nos olhos de algum parente meu eu via que eles pensavam “porquê Rosiel? Poderia ter sido Alexiel!” mesmo que tentassem esconder…
Fui morar com alguns dos servos pois não aguentava mais nenhum parente por perto, e tudo que eu conseguia fazer era ler o diário de Rosiel. A cada página me espantava a grande preocupação que ele tinha em relação a mim, seus estudos e sua posição de primogênito eram raramente citadas no diário. Na verdade, conforme eu lia as palavras de Rosiel eu sentia como se fosse meu próprio diário.
Meu irmão entendia perfeitamente o que eu passava e lamentava todos os dias o rancor que eu possuia, tendo tudo o que eu desejava ele queria apenas um amor fraterno, que era a única coisa que eu tinha e não dei valor.
Nos anos seguintes eu tentei viver de acordo com os ideais de Rosiel, lendo seu diário eu aprendi muita coisa e tive uma visão muito diferente da que nos é ensinada em famílias ditas nobres. Rosiel tinha diversos planos de ajudar toda a população pobre de Britain, mas os mantinha em segredo com medo de ser repreendido por nosso pai. Até hoje não consigo entender de onde Rosiel retirou sua verdadeira nobreza.
Certo dia eu caminhava pelas ruas de Britain que encontravam-se desertas por causa do tardio horário. Toda semana eu reunia mendingos e enfermos levando-os para a morada dos servos de minha família, onde todos eram muito humildes e sempre faziam de tudo para ajudar, mesmo não possuindo nada.
Eu sabia que algum dia iria encontrar pessoas má intencionadas dispostas a atrapalhar o caminho das virutudes, no entanto não sabia que aquele momento havia chegado. Um homem de grande porte e encapuzado veio em minha direção, ele aparentava estar bêbado, caminhei até ele para auxiliá-lo e deduzi pelas suas vestes que ele era uma pessoa necessitada.
Quando cheguei bem próximo ele retirou de seu cinto uma adaga enferrujada e desferiu um golpe em meu ventre, não tive oportunidade alguma de reagir… Ele fez questão de me falar algumas palavras:
– O ser humano é ridículo! Você acredita que seu pai estava tão atordoado com a idéia de deixar sua herança com alguém tão patético e fraco como você que me mandou aqui esta noite?
Acho que tais palavras foram capazes de acabar com a minha vida antes do ferimento. Mesmo assim, eu ainda sentia meu corpo, meus sentidos estavam misturados e eu não sabia o que estava acontecendo. Me sentia em um vazio, e o tempo não passava.
Quando meus sentidos pararam de me enganar eu vi meu irmão! Eu não conseguia me movimentar, nem falar, mas Rosiel me disse:
– Acalme-se Alexiel! Você não está com alucinações, eu sou real, assim como sua morte também foi! Gostaria que você soubesse que fiquei muito orgulhoso de sua mudança, você superou as expectativas de meus superiores.
Rosiel virou-se de costas e caminhou até um trio de homens encapuzados que exalavam grande divindade, eu pude então ver que meu irmão possuia asas!!
– Alexiel, estes homens me ajudaram após minha morte. Devido a meu caráter e personalidade eles julgaram que eu poderia servir a seu reino, assim me tornei um guardião da humanidade chamado por ela própria de anjo. Depois de um tempo servindo-os, eu soube que um dia você iria se unir a mim, mas era necessário que você amadurecesse no seu corpo mortal.
Infelizmente nosso pai fez algo terrível o que resultou em uma união mais cedo do que o esperado. Venha meu irmão, depende apenas de você aceitar sua missão ao meu lado!
Alexiel então recobrou controle de seu corpo. Levantou-se e abraçou seu irmão, em seguida curvou-se perante os 3 homens encapuzados:
– Serví-lhes-ei com imenso prazer!
Akalmil já estava completamente envolvido com a narrativa de Alexiel. Ele disse:
Akalmil – Compreendo que sua vida teve muitas tragédias, mas vejo também que você e seu irmão foram abençoados de forma sem igual, não consigo enxergar como você chegou a este estado e como esta história pode tornar-se algo tão horrendo como tú mencionastes!
Alexiel – Meu amigo, dissestes antes que quando tratava-se de conhecimento você possuía todo o tempo do mundo, não vejo sua paciência agora.
Akalmil – Desculpe Alexiel! Mas realmente a cada frase proferida eu fico mais intrigado, por obséquio continue!

Capítulo V: Hostilitate Germanu

Alexiel continuava sua história de serventia aos seraph:
Eu e meu irmão passamos muitos anos servindo àqueles homens encapuzados, os seraph. Intervínhamos na sociedade de forma sutil, sempre tentando guiar as pessoas para o melhor caminho. É impossível ter a paz total, por isso também éramos treinados em artes de batalha em caráter de último ensejo. Infelizmente iríamos precisar daquele treinamento…
Nobre Akalmil, você deve ter presenciado a poucos anos a irromperia de uma terrível peste. Eu e Rosiel fomos enviados pelos seraph para tentar exterminá-la.
Akalmil – Sim, me lembro muito bem disso. Viajei para um local distante para escapar dela. Felizmente eu não fui contaminado. No entanto houve um grande mistério acerca do que ocorrera.
Alexiel – Caro colega, contarei o que ocorreu. A Elfa Andriel possuia um grande segredo, ela sabia da localização dos 8 fragmentos da Gema da Imortalidade e queria o auxílio de British, pois os fragmentos não estavam seguros. Existia um grupo denominado Generais do Apocalipse, seguidores de Mondain que estava tentando reunir os fragmentos e trazer seu mestre Mondain de volta. Eles eram os responsáveis pela doença que consumiu a elfa.
Eu, meu irmão e alguns outros anjos ficamos encarregados de tentar curar Andriel e influenciar os Generais. Me separei de meu irmão que foi designado para o grupo que iria na missão mais perigosa, entrar na vida dos Generais do Apocalipse e fazer com que eles tomassem um rumo diferente. Enquanto eu e alguns colegas nos esforçávamos ao máximo para curar Andriel.
Ela tinha medo de contaminar outros seres e se isolou em uma cabana próxima a Wind, enviou uma mensagem a Lorde British e em seguida usou os poucos poderes mágicos que possuia para manter sua doença em seu corpo. Após muita procura Andriel não resistiu e sucumbiu à peste, e sem os seus poderes aquela moléstia se espalhou por toda Brittania… eu, meus colegas e Andriel falhamos em nossa missão!
Enquanto isso quase todos os anjos foram descobertos e mortos pelos Generais. Rosiel sempre sentia-se muito mal perto deles e era altamente influenciado pelo enorme poder deles.
Rosiel escutava as conversas dos Generais e começava a perceber como os humanos eram tolos. A cada instante que passava ele percebia a natureza predatória, egoísta e gananciosa do homem. Cada vez menos ele acreditava que o bem dentro das pessoas ainda era dominante. Meu irmão chegou a me contar tudo o que ele começava a sentir, e seu maior exemplo toda vez era o que nosso pai havia feito… e eu não consegui encontrar argumentos que pudessem nos convencer que os homens possuíam as tais virtudes que eles mesmos diziam proteger.
Mas quando eu estava em Britannia eu podia sentir as virtudes, podia sentir a bondade e isso me manteve forte para combater os Generais do Apocalipse. Rosiel no entanto estava se tornando extremamente agressivo e veemente em tomar alguma atitude.
Em certa ocasião passei muito tempo sem ver ou ter notícias de meu irmão até que um dia ele veio a mim.
Rosiel – Alexiel! Descobri um poderoso metal capaz de afetar os Generais do Apocalipse, um reles humano foi capaz de ferir um deles antes de morrer e…
Alexiel – Rosiel!! Não fale assim dos humanos, nosso dever é protegê-los, eles serão capazes de trazer harmonia a Britannia.
Rosiel – Isso antes ou depois deles a destruirem?? Ahhh, enfim, não estou aqui para falar sobre os humanos. Se você ainda acredita na sobrevivência de Britannia venha comigo, nós somos anjos poderosos e utilizando essas tais armas de mytheril seremos capazes de destruir os Generais.
Alexiel – Se você acredita em nosso poder irmão, lhe acompanharei sem hesitar!
Então eu e Rosiel nos equipamos com armas e armaduras daquele estranho e raro metal azulado. Caçamos os Generais e com muito esforço eliminamos alguns deles, o poder do mytheril junto ao nosso era impressionante… infelizmente aquilo ia tomando Rosiel de uma forma inexplicável, a cada General que eliminávamos era possível ver nos olhos de Rosiel um enorme prazer.
Chegou o momento em que sobrou apenas um General do Apocalipse, seu nome era Aglanor De Danaan e era o mais poderoso de todos. Sabíamos que ele meditava junto a alguns sárcofagos, enquanto procurávamos este grande trapaceiro, indo em direção as mais gélidas terras de Britannia, Rosiel dirigiu-se a mim:
Rosiel – Alexiel! Você percebe o poder que temos em mãos?? Ninguém neste mundo pode nos deter, e talvez agora seja a chance de atingirmos nosso propósito!
Alexiel – Aonde quer chegar Rosiel?
Rosiel – Você não vê? Os seraph estão atrapalhando nossa verdadeira causa! Com o poder que temos podemos trazer paz e harmonia a Britannia definitivamente!
Neste momento parei de voar, Rosiel também!
Alexiel – Rosiel! Pretendes fazer alguma besteira?
Rosiel – Nunca!! Estamos indo agora eliminar o mal maior destas terras, o último e mais forte General do Apocalipse. Mas isso não basta, devemos eliminar TODO o mal, e os humanos são a maior fonte do mal em Britannia! Apenas com a eliminação de todos poderemos garantir que novos “generais” não irão surgir, sei que você irá dizer que existe o bem em todos os homens! Mas pense, também existe um pouco do mal neles, que está sempre aflorando, e quando eles se juntarem poderão até mesmo nos destruir. Devemos dar o primeiro passo enquanto eles são fracos!
Alexiel – Você está louco!!! Não acredito que essas palavras saíram de você querido irmão. Se realmente acreditas nisso vá embora agora, jamais terei o mesmo pensamento que ti!
Rosiel – É uma pena meu irmão, mas eu já estava prevendo essa sua reação… eu o queria ao meu lado, pois quem estiver do outro lado será destruído!
Alexiel – Realmente levantarás seus punhos contra mim, contra os humanos??
Rosiel – Se você não se juntar a mim Alexiel, você estará contra minhas crenças! Eu irei trazer o bem maior a Britannia, o sacrifício dessa raça pífia é o caminho para isso! Gostaria de tê-lo a meu lado.
Alexiel – Você me decepcionou Rosiel. Irei avisar os seraph imediatamente.
Então comecei a me afastar de meu irmão até que ele começou a rir, dizendo em seguida…
Rosiel – Alexiel… os seraph protegeriam os humanos até o fim! Por isso os eliminei antes que eles pudessem tomar conhecimento de meus planos, despreparados eles são muito fracos. Espero não lhe encontrar em meu caminho Alexiel! Irei derrotar Aglanor!
Naquele momento não pude fazer nada, fiquei apenas estupefato com as palavras de meu irmão. Ele havia eliminado os anjos da mais alta hierarquia de nosso reino, ele estava descontrolado. E o pior de tudo é que ele possuia um grande poder. A partir de então eu soube que apenas um ser poderia impedí-lo, eu conhecia seus poderes e sabia o que lhe ajudava a ser tão forte! Decidi destruir a ambição de Rosiel, mesmo que fosse necessário destruí-lo.

Capítulo VI: Conflictu Colossu

Decidi então me concentrar mais uma vez na solução do mal que aqueles Generais haviam libertado, a peste! Passei dias e dias meditando, combatendo a peste e uma vez ou outra eu conseguia eliminar pequenos focos dela. Neste momento eu percebi que meus poderes haviam crescido muito. A influência de meu irmão, nossos treinamentos e o uso do Mytheril me deixaram muito forte. Mas não o suficiente para eliminar a maldita peste. Passei cerca de duas semanas combatendo a terrível doença que era um pesadelo e uma ameaça constante de toda a população, quando de repente eu percebi que estava mais fácil detectar pessoas e animais infectados, conseguindo também curá-las em menos tempo e em maior quantidade de que em todo o período que meditei.
Pude apenas deduzir que não havia mais nenhuma influência dos Generais sobre àquela peste, era a única explicação plausível. Aglanor devia estar morto e agora a terrível enfermidade espalhada por ele e seu grupo era uma praga comum, tornando-se muito mais fácil de combater. Foi assim que finalmente a peste foi eliminada.
Passei mais algumas semanas localizando todas as criaturas vivas que ainda a possuiam, não consegui salvar todos mas consegui erradicar completamente a doença!
Quando tive certeza de que minha tarefa estava terminada e que os humanos haviam percebido a ausência da peste, denominando como a Era Pós-Peste, eu fui atrás de Rosiel e o encontrei muito ferido, no entanto eu sentia um poder ainda maior do que antes emanando dele. Se ele estivesse em condições plenas, Rosiel poderia ter me eliminado em questão de segundos.
Rosiel – Alexiel!! Tens sorte de que Aglanor me feriu muito em nossa batalha, no entanto descobri um novo poder e mesmo ferido poderei derrotá-lo!!
Alexiel – Pare Rosiel, não quero levantar meus punhos contra você!!
Rosiel – CALE-SE!!
Uma breve batalha teve início! Fiquei impressionado com o poder de Rosiel mesmo com todos seus ferimentos… ele não estava usando mais o mytheril em suas armas e armaduras, era algo diferente. Eu podia sentir que aquele estranho metal escuro possuia uma aura muito negativa e maléfica! Felizmente eu pude resistir o grande poder dele pois Rosiel estava muito fraco.
Rosiel – O poder do Bestial irá prevalecer Alexiel, irei mostrar todo meu potencial quando eu me recuperar!!
Antes que eu pudesse ferir Rosiel ele conseguiu escapar. Fiquei intrigado com aquele material que Rosiel chamava de Bestial, e a única coisa que eu podia fazer era pesquisar sobre ele pois meu irmão estava certo, se ele estivesse em condições iguais as que eu me encontrava, não conseguriria resistir ao seu enorme poder.
Conversei muito com alguns anjos mais antigos e a maioria não gostava de falar sobre o Bestial, me disfarcei diversas vezes para descobrir se os homens tinham conhecimento deste metal. Descobri então que era algo extremamente raro, poucos tinham visto, quase nenhum havia achado e muitos nem sabiam de sua existência. Mas algo muito interessante me foi revelado pelos humanos, havia um outro metal de semelhante raridade, porém de aparência e sensações opostas.
Em minha busca encontrei um homem muito idoso, resolvi ajudá-lo um pouco com meus poderes de cura. Após ter feito isso ele disse que por eu ter ajudado, ele poderia me ajudar também. Surpreendentemente ele dizia saber tudo sobre estes metais e assim fomos conversar em sua casa próxima a Wind. Seu nome era Aldreth e ele disse que me explicaria a origem deles.
Conforme ele fazia sua narrativa eu me impressionava com o seu conhecimento sobre os anjos, sua hierarquia, deveres e habilidades.
Ele me contara que um outro anjo também havia descoberto o maravilhoso mytheril, mas não satisfeito com seu poder ele utilizou seu grande conhecimento de magia e alquimia adquiridos em sua vida humana para tentar melhorá-lo. Mas o que ele estava fazendo era extramemente perigoso e suscetível a infortúnios, sendo exatamente o que aconteceu. Ele criara o Bestial por acidente, felizmente suas intenções eram boas e ao perceber o grande mal que ele havia feito o anjo resolveu tentar esconder sua criação, mas alguns homens a achavam e de alguma forma a presença do Bestial em Britannia afetava o Mytheril criando assim mais Bestial.
O anjo então passou anos tentando reverter o processo, até que certa vez ele criou um metal com características opostas, chamando-o de Celestial. Foi descoberto então o que aquele anjo vinha fazendo por alguns anos, e ele foi expulso da ordem angelical… mas foi permitido que ele voltasse a sua forma humana, então o idoso me contou que ele era aquele anjo! Eu pude então apenas dizer:
Alexiel – Eu lhe imploro Aldreth, me ajude a recriar o Celestial para que eu possa combater o ressurgimento do Bestial.
Aldreth não hesitou em me ajudar, ele me passou todo seu conhecimento para que em seguida eu utilizasse meus poderes e transformasse mais uma vez o Mytheril em Celestial. Infelizmente durante este tempo, Rosiel criava mais Bestial e cada vez mais os homens o achavam em suas minas… meus experimentos também afetavam fortemente Brittania e o Celestial começava a aparecer com a mesma frequência do Bestial, infelizmente aquilo era necessário para que eu pudesse eliminar Rosiel.
Alguns meses se passaram desde meu último encontro com Rosiel e eu havia conseguido confeccionar com perfeição todo meu equipamento com o Celestial, assim como meu irmão agora estava completamente armado com Bestial. Então a batalha iminente começou.
Foi um conflito colossal, nossos golpes arrasavam árvores e pulverizavam rochas. Eu evitava locais habitados por homens ou animais pois nossos poderes eram enormes e quando se colidiam causavam grande estrago! Rosiel era muito mais experiente do que eu e começou a ter vantagem em nosso combate, a cada golpe que eu não conseguia impedir eu percebia que o Celestial salvava minha vida, e minhas poucas investidas bem sucedidas eram anuladas pelo Bestial de Rosiel! Foi desta forma que fiquei no estado em que você me encontrou Akalmil, Rosiel também está ferido, bem menos do que eu, mas o suficiente para que ele também precisasse de um descanso.
Por isso Akalmil, hesitei em compartilhar minha história… Britannia corre perigo e eu acredito ser o único capaz de deter Rosiel, que ainda é mais forte do que eu.
Akalmil – Alexiel, estarei pronto para serví-lo de qualquer forma que eu possa. Agradeço-lhe por compartilhar todo este conhecimento comigo, mas percebo agora que muito mais importante do que isso, é deter seu irmão!
Alexiel – Akalmil, não podemos causar pânico em Britannia. Temos que tomar muito cuidado, mesmo que pudéssemos unir Britannia em um só exército, Rosiel também iria formar o seu próprio e as dimensões de nossos conflitos seriam sériamente multiplicadas.
Akalmil – Não é necessário um exército Alexiel, tenho certeza de que existem humanos muito fortes capazes de te ajudar. Veja os Generais, eles eram apenas homens e mesmo assim Rosiel teve muito trabalho! Irei lhe ajudar a achar bons guerreiros que sempre trabalham pelo bem de Britannia. Através da lenda das Armaduras Elementais, juntarei humanos capazes de usá-las, acharei as Armaduras Elementais e deteremos Rosiel.
Alexiel – Tens razão Akalmil, não gostaria muito de envolver os humanos, mas acredito que alguns guerreiros possam me ajudar a deter Rosiel. Akalmil, irei mais uma vez conversar com Aldreth enquanto você busca novamente esta lenda e reúne guerreiros, agradeço imensamente sua ajuda e espero que juntos sejamos capazes de derrotar Rosiel. Devemos restaurar a ordem angelical e adentrar uma Nova Era de paz!

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