– Meu Lorde! Acuda! – British é interrompido com o grito de um dos homens atrás dele. Ao virar-se, o susto: Um camponês arrastava-se no chão. Olhos vermelhos, feridas pelo corpo e pele esverdeada, o pobre homem tentava se aproximar de seu Rei. British não conseguia acreditar no que via.
– Ragnar!!!!! – O Rei grita ao feiticeiro do Palácio, que atende imediatamente. O velho feiticeiro dá dois passos para trás, assustado, ao ver o camponês naquele estado.
– Veja o que pode fazer, ragnar, depressa!
O feiticeiro atende o pedido e o camponês é levado à um dos quartos do palácio. Mas uma visão mais terrível aguardava o Rei de Britannia, ao subir à Torre do Castelo: Nas ruas e casas, pessoas caíam e se arrastavam, como o camponês que havia chegado ao castelo.
AS ÚLTIMAS PALAVRAS DE ANDRIEL
A praga se alastrou rapidamente pelo mundo. Os curandeiros de Britannia não tinham mais como alojar doentes. Pilhas de corpos eram queimadas todos os dias, em uma rotina dolorosa. A fome era iminente com a contaminação dos animais, e British começava a entrar em desespero: Não tinha a menor idéia de como começar a procurar a solução para o problema.
– Meu Lorde, alguém deseja falar-lhe – Um dos guardas diz, ajoelhando-se em frente ao governante.
– Não outro camponês!-Brada o Lorde, com a testa franzida e olhar furioso, ao mesmo tempo molhado com lágrimas de ódio pela situação em que seu povo se encontrava.
– Não sou um dos seus, British… – Disse calmamente o homem que vinha em direção ao Rei. Era alto, seus cabelos louros e lisos beiravam sua cintura. Sua veste branca e brilhante e o formato das orelhas denunciavam sua proveniência. – Meu nome é Muriel, sou irmão de Andriel.
– Andriel! Onde ela está? – Pergunta, afoitamente, o Lorde.
– Enorme foi minha relutância em entrar neste castelo, British, só o fiz pelo último desejo de minha irmã.
– Último desejo? Quer dizer que Andriel está…
– Morta? Sim, ela está, graças à incompetência de seus homens! – o elfo é tomado pela raiva e contido pelos guardas de British. –Ela quis lhe ajudar, ela precisava de você! Você sabia que ela não podia se revelar, ela se arriscou e você não fez o mínimo para salvá-la!
– Isso não é verdade, Muriel! Éramos amigos! Mandei meus melhores homens procurarem-na. Mas chegamos tarde demais. Olhe à sua volta! Olhe para Britannia! Não vê o mal que assola esta terra? Se viestes até aqui para proferir calúnias, vá embora! Meus problemas não são contigo!
– Andriel queria lhe alertar sobre isso, British. Só estou aqui e só lhe poupei a vida por isto interferir na vida de meu povo também… Sente-se e ouça, humano.
– O que quer dizer? – Pergunta um confuso British.
– Se esta praga estivesse apenas em vossa carne eu não estaria aqui. Ao contrário de minha irmã, a vil existência de vossa raça não me importa. Tudo o que fazeis é destruir para levantar o patrimônio de vossa ganância. Isso nos enfurece. – O governante de Britannia engole em seco. –Porém, isto está afetando os animais e a vegetação. Tudo isto não me faz crer que esta praga seja algo da natureza, pois ela não se destrói. Destruir a natureza é privilégio de vosso povo. – diz o irônico Muriel.
– E o que fazes aqui? O que queres afinal? – pergunta o governante.
– Estava compenetrado em meus afazeres, quando recebi o pedido de socorro de minha irmã. Eu e meus homens saímos o mais rápido que pudemos, mas chegamos tarde. Em uma cabana perto das montanhas de Wind, minha irmã esperava pela morte. Tomei-a nos braços, não pude conter minhas lágrimas. Em seu peito, um ferimento provocado por algo que eu nunca vi antes. Nenhuma arma conhecida poderia ter feito aquilo. Ao seu lado um pergaminho rasgado, com uma mensagem endereçada a este castelo. Seus olhos quase sem força olharam nos meus, e segurando meu colarinho ela me implorou que eu viesse até aqui oferecer a ajuda de meu povo para que encontremos a cura. Porém, lhe adianto: Faço isso por minha irmã e pelo meu povo, não por vós.
Embora tomado de raiva pelas palavras do elfo, British sabia que ele tinha razão. Havia deixado Andriel morrer, e agora todos estavam pagando o preço de sua irresponsabilidade. Não teria outra escolha senão aceitar a ajuda de Muriel.
